terça-feira, 21 de agosto de 2012

Clarice Lispector: - A palavra é o meu domínio sobre o mundo!

Quando surgiu com o livro Perto do Coração Selvagem – seu primeiro romance, pelo qual recebeu o Prêmio Graça Aranha -, Clarice Lispector foi comparada a escritores como James Joyce e Virginia Woolf, os quais ela ainda não havia lido. Tinha apenas 17 anos e já revolucionava a literatura brasileira da época, com um estilo narrativo próprio, usando muitas aliterações, metáforas e o monólogo interior, próprio de um tipo de literatura introspectivo e intimista.

“Uma vida completa pode acabar numa identificação tão absoluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer”, escreveu na epígrafe de A paixão segundo G. H. A escritora, que se considerava interiormente brasileira, afirmou que, com a língua brasileira, expressou as palavras de amor e seus pensamentos mais íntimos. Sua prosa tem muitas características poéticas e forte relação com a análise do inconsciente.

Natural de Tchetchelnik, na Ucrânia, nasceu em 10 de dezembro de 1920. Chegou ao Brasil aos 2 meses, onde a família, de origem judia, fixou-se em Recife (PE) e, depois, no Rio de Janeiro (1937), cidade em que Clarice foi professora particular de Português e, posteriormente, redatora da Agência Nacional, onde se aproximou de muitos jornalistas e escritores influentes da época. Com 23 anos, casou-se com Maury Gurgel Valente, que depois se tornaria diplomata – o que fez o casal viver muitos anos fora do Brasil -, com quem ficou por 15 anos e teve 2 filhos.

Durante a infância, leu contos infantis que, segundo ela, soltavam-lhe a imaginação. Um de seus livros sagrados era Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Adolescente, impressionou-se ao ler José de Alencar, Eça de Queiróz, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Mário de Andrade, Rachel de Queiroz, Julien Green, Herman Hesse, Dostoievski e Katherine Mansfield.

Além de ser uma das maiores romancistas e cronistas da literatura brasileira, com reconhecimento internacional e muito prêmios, Clarice também foi uma ativa jornalista, tendo sido colunista, durante vários anos; trabalhou para publicações como os jornais Correio da Manhã, Diário da Noite, O Comício, Jornal do Brasil, e para as revistas Manchete e Fatos & Fotos (nesta, como entrevistadora), entre outras.

Morreu em 1977, de câncer, um dia antes de completar seu 57º aniversário.

Obras:

Romance
Perto do coração selvagem (1944)
O lustre (1946)
A cidade sitiada (1949)
A maçã no escuro (1961)
A paixão segundo G. H. (1964)
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1969)
Água viva (1973)
A hora da estrela (1977).
Conto
Alguns contos (1952)
Laços de família (1960)
A legião estrangeira (1964)
Felicidade clandestina (1971)
A imitação da rosa (1973)
A via crucis do corpo (1974)
Onde estivestes de noite (1974).
Literatura infantil
O mistério do coelho pensante (1967)
A mulher que matou os peixes (1968)
A vida íntima de Laura (1974)
Quase de verdade (1978)
Crônicas e entrevistas
Visão do esplendor (1975)
De corpo inteiro (1975).
Obras póstumas
Para não esquecer — crônica (1978);
Um sopro de vida (pulsações) — romance (1978);
A bela e a fera (1979) — reunião de contos inéditos escritos em épocas diferentes;
A descoberta do mundo (1984) — seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973;
Como nasceram as estrelas (1987) — contos infantis;
Cartas perto do coração (2001) — cartas trocadas com Fernando Sabino;
Correspondências (2002);
Aprendendo a viver (2004) — seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973;
Outros escritos (2005) — reunião de textos de natureza diversa; Correio feminino (2006) — reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960;
Entrevistas (2007) — seleção de entrevistas realizadas nas décadas de 1960 e 1970;
Minhas queridas (2007) — correspondências;
Só para mulheres (2008) — reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960.

Fonte: http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-3043-,00.html