domingo, 13 de dezembro de 2015

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago

Por: Aline Holdefer
  
    Reconhecido por seu estilo próprio e inovador de escrever, José Saramago traz à tona na obra Ensaio sobre a cegueia a transformação social a partir do alastramento de uma epidemia de cegueira branca. Todo o enredo se passa numa cidade, a qual em nenhum momento tem seu nome mencionado. Assim como o espaço, os personagens não são nomeados, apenas identificados por alguma característica física (Menino estrábico), pela profissão (Médico) ou ainda pela consequência de algum ato (Cego ladrão). Quando as autoridades começaram dar atenção ao caso, resolveram isolar os cegos contaminados em um manicômio, a fim de observá-los (período de quarentena).
A cegueira apresentada pelo autor é vista como uma metáfora, já que ela não é inserida na história para se chegar a uma solução dessa epidemia, mas sim para mostrar o comportamento dos seres humanos e a sua luta pela sobrevivência sem ver as coisas. Em decorrência disto, observa-se em sua grande maioria, a constituição de uma sociedade individualista e selvagem. Com exceção da mulher do medico todos os personagens ficaram cegos, sendo assim é possível verificar através da figura desta personagem a esperança de que a humanidade ainda não está perdida, pois ainda existem pessoas que se preocupam com o próximo e que não almejam benefícios só para si.
Publicado em 1995, Ensaio sobre a cegueira retrata muitas coisas atuais, já que muitas vezes fingimos estar cegos diante de certos problemas na nossa sociedade deixando de reparar na sua gravidade. Para finalizar, cabe destacar o que próprio Saramago diz quando afirma que “talvez os nossos olhos vejam, mas a nossa razão esteja cega” (2013, p. 42).

Boa leitura! 

Referências bibliográficas
SARAMAGO, José. Da estátua à Pedra e Discursos de Estocolmo. Belém: Ed. UFPA, 2013.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Nenhum comentário:

Postar um comentário