segunda-feira, 29 de junho de 2015

Tenda dos Milagres - Jorge Amado

Por Sandy Pizatto (Letras - UFFS)

Na “Tenda dos Milagres”, na ladeira do Tabuão, em Salvador, onde o amigo Lídio Corró mantém
uma modesta tipografia e pinta quadros de milagres de santos, o mulato Pedro Archanjo atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afrodescendente da Bahia. Autodidata, seus estudos sobre a herança cultural africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista.

A história é contada retrospectivamente, em dois tempos. Em 1968, a passagem por Salvador de um célebre etnólogo americano admirador de Archanjo desencadeia um revival de sua vida e obra. Para a comemoração do centenário de nascimento do herói redescoberto, arma-se todo um circo midiático. Contrapondo-se a essa apropriação política da imagem de Archanjo, sua trajetória é narrada paralelamente como foi preservada na memória do povo: os amores, as polêmicas com os luminares da universidade, os confrontos com a polícia.
Ao contar a história desse herói complexo, também conhecido como 'Ojuobá”, Jorge Amado traça um painel da cultura negra baiana e de sua resistência contra a repressão violenta a que foi submetida nas primeiras décadas do século XX, resgatando e exaltando manifestações como o candomblé, a capoeira, os afoxés e o samba de roda. 

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